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A crise nossa de cada dia


"Hoje amanheci em crise como tantas irmãs por ai e resolvi compartilhar minha dor com todas vocês. Ao abrir os olhos pela manhã, fui arrebatada pela saudade do filho que ainda não veio. Meu ninho quentinho de lençóis e ededrons, pareceu-me vazio. E eu cai no choro. O sol brilhando lá fora, e aqui dentro de mim um dia frio e cinzento. Talvez seja o cansaço de semanas consecutivas de trabalho intenso, talvez o processo de elaboração do luto de mais um Beta negativo, talvez a saudade do marido, da família e dos amigos distantes, talvez isso tudo junto mais o fato de que as crises são parte fundamental da existência humana.

Por outro lado, é razoável pensar que é justamente nestes momentos de crise que a vida nos oferece o desafio e a oportunidade de descobrir aquilo que damos valor, redescobrir o que precisamos, redefinir o que nos dá prazer e reorganizar as engrenagens internas do ego. A crise não nos permite simplesmente viver num buraco profundo de necessidades não-declaradas e sonhos não-realizados.

Ela nos sacode, põe o dedo na ferida. E isso, por mais dolorido que seja, funciona como uma mola propulsora para fazermos as mudanças que o momento exige. Portanto, as crises também podem ser bênçãos disfarçadas. Mas essa ficha só vai cair quando conseguirmos sair delas. Enquanto estivermos sob o impacto da dor esmagadora, é difícil associar esse tormento a uma bênção disfarçada. A sensação é de que estamos paralisados, congelados em um momento entre quem somos e quem gostaríamos de nos tornar.

Falo isso por experiência própria, de quem tem carimbado no passaporte da vida muitos momentos de crise. Mas me considero uma sobrevivente. Mesmo em ocasiões em que a vida pôs à prova minha determinação de viver, eu sempre coloquei um pé à frente do outro e acabei pegando o impulso de novo. Todos nós somos vítimas de algo. Porém, é o que fazemos depois da queda que define quem somos nós realmente.

"Nesses momentos, a pergunta mais importante não é "Por que isso está acontecendo comigo?", mas "Aonde quero ir com que tenho agora?". Nem por isso deixe de chorar, de lamentar a sua dor. Elabore seu luto e siga em frente tendo em mente que a sobrevivência não é a simples capacidade de continuar a respirar e ir tocando em frente uma vida preto-e-branco.

Sobrevivência é a capacidade de transformar toda crise em uma vida mais plena. É a capacidade de poder evoluir e tornar-se alguém mais alegre e radiante. Uma boa vida não é fácil. Requer atos diários de adaptação, coragem e amor. É a essa lição que me dedicarei hoje. Quando conseguir tirar o pijama e sair do meu ninho."

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